Compartilhei
uma “meme” que convidava a todos os usuários de drogas ilícitas
a boicotar o candidato conservador que disputa nossas eleições em
2018. Alguns amigos me questionaram e prometi que explicaria.
A
violência se tornou uma prática sem fim. No
lugar de cada narcotraficante
abatido ou aprisionado, surge dois outros dispostos a iniciar uma
nova guerra pelo território e pelo lucrativo negócio.
Drogas
ilícitas, liberar sim! Me posiciono a favor da liberação ampla das
drogas, a começar pela maconha. A princípio, parece uma loucura,
mas me guio por algumas
ideias
liberais.
Segundo
a reportagem do jornal Hoje em Dia, de 7 de janeiro de 2017, o
narcotráfico no Brasil movimenta R$ 15,5 bilhões por ano. Somente a
maconha gira em torno de R$6,7 bilhões. Tamanho negócio, é alvo de
disputas do crime organizado e promove uma das maiores matanças do
globo. Dados da Secretaria de Segurança do Rio Grande do Norte
estimam que 70 % das mortes está ligada ao narcotráfico. Isso seria
dizer que de 2001 a 2015, cerca de 429 mil pessoas morreram na guerra
das drogas. Em sua maioria são jovens e negros.
O
enfoque de proibição sobre a maconha
bem como outras drogas relembra a Lei Seca que entrou em vigor nos
Estados Unidos em 1920. Apoiada por religiosos, ruralistas e por
empresários conservadores, a produção, transporte e
comercialização de bebidas alcoólicas foi proibida em todo o país.
O comércio ilegal, rapidamente, foi dominado por gangsters, sendo Al
Capone um dos mais famosos. A lei se mostrou ineficaz. As pessoas
continuavam consumindo e a violência, a corrupção, o suborno de
policiais e políticos eram a tônica executada pelas famílias do
crime para manter os seus negócios.
A violência eclodiu por causa da luta por territórios.
Exemplo de campanha de conscientização |
Mas
a liberação impedirá o tráfico ilegal? A resposta é não. No
Uruguai, país vizinho ao nosso, foi implementada a liberação
da maconha. O tráfico não foi eliminado, mas o usuário possui a
chance de evitar o mercado negro. Outro país, Holanda, possui leis
parecidas e após a liberação da maconha, o mercado ilegal passou a
ser mais combatido.
Em
2017, o Rio de Janeiro registrou a média de 1 policial militar
assassinado ou morto a cada 2 dias. Para cada
policial que morre enxugando o
iceberg da
criminalidade,
o Estado faz novos concurso para enviar outros
homens para a morte. É um sistema cruel de moer carne. Todos os
dias, traficantes e policiais são mortos. Nos
acostumamos a isso.
(Imagem retirada da reportagem "Guerra do tráfico leva caos à Rocinha e outras comunidades do Rio, Carta Carta Capital) |
A
adoção de uma política conservadora que considera a resolução do
problema da criminalidade com o aumento do número de presídios ou
armando a população, sabemos que será ineficaz. É hipocrisia
nossa pensar que os usuários de drogas ilícitas deixarão de
existir quando todos os traficantes forem presos ou mortos.
O combate as drogas deverá ser feito através de investimentos em educação, conscientização, ataque as desigualdades sociais e desestruturar a base do
tráfico, que é a ilegalidade. Assim, poderemos vencer a guerra
contra as drogas.
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