HIP HOP Geneologia, título original HIP HOP Family Tree, é um quadrinho
com argumento, texto, letra e ilustração de Ed Piskor. Lançado no
Brasil pela Veneta, o livro possui dimensões de 31,5x23,0 com, capa
dura, colorido. As 128 páginas narra como foi a história do
nascimento do HIP HOP nos Estados Unidos.
Foi
fabulosa a ideia de narrar em quadrinho a origem do movimento do
final da década de 1970 e que ainda hoje movimenta o mercado da
música. HIP HOP Geneologia ganhou vários prêmios, dentre eles o
Eisner Awards, o mais importante dos quadrinhos norte-americanos. A
versão brasileira, traduzida por Mateus Potumati recebeu o prefácio
do rapper nacional Emicida.
Emicida
faz o link entre as Lianhuanhua, as primeiras histórias em
quadrinhos originados na China com os grafites.
Destaca que os “Mcs e quadrinistas possuem olhos de câmera
fotográfica”, olhos que registram a realidade a sua volta e traduz
nas rimas suas percepções e emoções. Para Emicida, o HIP HOP é
uma porta e um “código aberto de compartilhamento” que permite a
muitos jovens deem continuidade a história que foi iniciada nos
meados da década de 1970.
A
narrativa de Piskor é sobre o Hip Hop e não sobre os Djs, MCs e a
música. Ele traça uma linha que começa no “deteriorado South
Bronx”, onde o DJ Kool Herc anima o público em um local na avenida
Sedgwick, 1520. Ele é tido como o criador do carrossel, a mixagem de
uma batida de uma música em outra.
Grandmaster,
Grandwizard Theodore (criador do scratch), Afrika Bambaataa, os
grupos The Treacherous Three, The Cold Crush Brothers, Funky Four
Plus One, The Fantastic Five e muito mais dão corpo para o livro.
Segundo
Santos (2017), a paternidade do HIP HOP não possuem consenso. Alguns
dizem que foi Kool Herc, outros que foi Bambaataa. Apesar de Piskor
retratar a sequência Herc – Bambaataa, os dois eram contemporâneos
e influenciados pelo mesmo contexto periférico, marginalizado, onde
a música constitui uma alternativa a violência.
O movimento foi uma guinada na violência das gangues. Santos (2017)
citando Chang (2005), relata as disputas de territórios entre os
Ghetto Brothers (jovens latinos americanos) e os Black Spade (jovens
negros). Bambaataa, então com 20 anos e lider dos Black Spade, firma
um tratado de paz que garantiria a segurança de parentes, vizinhos e
delimitaria territórios.
Ao
se entregarem à música, as batalhas passaram a ser disputadas nos
palcos. O fenômeno cultural que atravessou a década de 80 e 90
chegando ao século 21 não passou despercebido das gravadoras. Os
discos desapareciam da loja, tamanho era o frenesi da juventude.
Das
mixagens a incorporação de rimas elaboradas e com conteúdos
políticos, de denúncia ou de empoderamento, dos grafites até a
arte de Basquiat, o HIP HOP constituiu um movimento cultural da
periferia que ganhou o mundo. Não podemos negar a potência do
movimento. Ed Piskor soube trabalhar bem e manteve em alto e bom tom
toda a narrativa. Ou deveria falar bom som?
O
leitor não irá se arrepender. O material é uma ótima fonte de
consulta. Piskor coloca todas as referências que ele usou e
inclusive as músicas que ele cita e que os DJs utilizavam. Além da
aventura gráfica, podemos relembrar como eram os primeiros breaks e
músicas. Sensacional!
Bibliografia
Piskor,
Ed. Hip Hop Geneologia / Ed Piskor – Revisão de Mateus Potumati.
São Paulo. Veneta, 2016. 128p.
Santos,
Maria Aparecida Costa dos. O UNIVERSO HIP-HOP E A FÚRIA DOS
ELEMENTOS. COPENE 2018.
HIP
HOP Geneologia – Martins Fontes:
https://www.martinsfontespaulista.com.br/hip-hop-genealogia-529354.aspx/p
– acesso em 2
de março de 2019.
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