quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Águas que protegem

Placa de Iemanjá depredada.

Na noite de sábado, 16 de dezembro de 2017, visitei a nova Praça de Iemanjá, na orla da Lagoa da Pampulha. A estátua, inaugurada em 1982, foi restaurada e está emoldurada pelo maravilhoso portal de Jorge dos Anjos que referencia nossos orisàs.

Em uma reportagem sobre a obra de restauração, me informei que o posicionamento da imagem, a dez metros da orla, é devido à necessidade de proteção para a imagem contra a depredações. Sábia decisão. Inaugurada em 12 de dezembro de 2017, a nova praça de Iemanjá já foi depredada. O nome da divindade foi removido da placa da prefeitura que nomeia o espaço.

A revolta que sinto ao ver a depredação é tão grande quanto ver a Igreja de São Francisco de Assis pichada. São dois monumentos públicos, construído para a população e, que integra área recém-tombada como patrimônio mundial da humanidade pela Unesco.

Mais que uma questão de desrespeito a cidadania, arrancar o nome de Iemanjá da placa é uma prática de intolerância religiosa. É uma tentativa de apagar nossas referências a religião de matriz africana. Apagar a história de um povo negro que construiu com sangue, atabaques e muito asè essa cidade.

Devemos estar atentos a ocupar e proteger esses espaços públicos que são simbólicos para os povos do candomblé e da umbanda. São espaços de resistência, espaços de muito asè. Com orgulho e cabeça erguida devemos continuar a ocupar os espaços que a nós pertence, que também nos é direito. Asé!


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