quinta-feira, 28 de julho de 2016

Verdade absoluta!

Certa vez escutei que alguma coisa por mil vezes dita, tornava-se verdade. Entretanto, ao me deparar com o dramaturgo e escritor italiano Luigi Pirandello, esse conceito se desconstruiu. Basta dizermos uma única vez, para nós mesmos.

Deixando meus escrúpulos de lado, tentei buscar algo que pudesse desmentir o dito popular e o escritor. Perguntei a uma amiga se ela conhecia algo que todos concordavam que era verdade. Algo que poderíamos chamar de “realidade absoluta”. Eis que ela me confronta dizendo: “O céu é azul”. Que nada! Uma pessoa sofredora de daltonismo, possivelmente, não enxerga o céu como azul.

Voltei meu olhar para as discussões futebolísticas. Um jogador recebe a bola em posição duvidosa e balança as redes (Goollllll). Comemora, mas seu regozijo torna-se frustração quando percebe, na lateral do campo, o assistente de árbitro com a bandeira erguida. Inúmeras verdades, eu vejo aqui. A do goleador que reclama, a do bandeira, do juiz e dos milhares de torcedores que gritaram de felicidade ou choraram momentaneamente. Não adianta falar que a coisa se resolve depois do replay, tira teima e slow motion. Não resolve! Todo mundo passa a semana dando a sua versão para o acontecimento.

Continuei na busca. Aquilo que fosse comum a todos, que não fosse refutável.
Ao relacionar alguns anos de terapia com a obra de Pirandello, revisito algo um tanto essencial. Como a relação é de dois, e cada membro da relação possui uma história de vida, experiências e emoções peculiares e, uma construção particular do “eu”, é impossível chegar a uma única verdade. Temos duas. A nossa e a do outro. Duas verdades, ou melhor, duas percepções da realidade, pois cada pessoa na relação interpreta o mesmo fato com as ferramentas culturais e emocionais que lhes são cabíveis. E essas verdades são únicas.

Nesse momento, penso no significado de “convencer”, ou seja, o ato de persuadir o outro da nossa verdade. O quanto que gastamos e nos desgastamos em horas de debates que visam nada mais que imbuir a outrem uma percepção que é totalmente particular.


Ao pensar nessa lógica, podemos ficar mais à vontade em debates e discussões. Podemos aliviar as tensões das relações de todas as naturezas. Desenvolver um olhar tolerante e simpático ao ressignificarmos que “verdades absolutas” não existem. Talvez, pontos de vista diferentes.

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