A palavra “abracadabra” poderia ser substituída por
“privatizar” nas apresentações de mágicos. Sim, pois parece que ela é a solução
mística para todos os problemas gerados pela incompetência administrativa das
instituições públicas.
A matéria “Crise força o fim do injusto ensino
superior gratuito” do site globo.com, insiste nesse tema. Privatizar é a solução
para o problema econômico e social do país. Mas cabe a nós fazer uma análise
mais profunda do que a abordada pelo editorial.
Economicamente, privatizar as universidades públicas significaria um aporte
de taxas de matrículas e mensalidades para as instituições. Dinheiro que as
retiraria do atoleiro financeiro que se encontram. Entretanto, a massa cinzenta
de centenas de doutores, mestres, pesquisadores e alunos de iniciação científica,
poderiam passar a vender serviços para a sociedade. Desenvolver parcerias
lucrativas com empresas para que resultados das pesquisas gerem patentes e,
consequentemente, royalties a ser pago para a instituição.
O segundo ponto para termos um balanço financeiro
favorável é reduzir gastos de forma inteligente. Em março de 2016, a Universidade
Estadual do Norte Fluminense (Uenf) devia cerca de 2 milhões de reais em contas
de eletricidade não pagas e sofria com a iminente possibilidade de corte. Investir
em painéis fotovoltaicos e modernizar o sistema de distribuição de energia
utilizando sensores fotoelétricos que controlem o uso das luminárias pode ser
uma boa maneira de diminuir gastos com energia. Quanto à água, sistemas que
reciclem o volume gasto e o recirculem para atividades menos nobres como
irrigação e limpeza é uma forma de diminuir o consumo.
Socialmente, o editorial do globo.com relata que a
universidade pública é injusta, pois, a maioria das vagas é ocupada por
estudantes de poder aquisitivo superior por possuir uma melhor formação que a
camada mais pobre da população. Verdade, mas todos pagarem não é o “abracadabra”
para o problema. Mesmo que as instituições ofertassem bolsas de estudos para os alunos carentes, a quantidade não seria capaz de agraciar todos
os estudantes pobres que desejassem ingressar no ensino superior. Aumentaria a
exclusão, pois criaríamos o mecanismo de “quem possui dinheiro, tem vaga garantida”.
O que falta para melhorar as chances dos pobres
disputarem as vagas com os ricos é uma melhor formação no ensino básico, que
compreende a educação infantil, fundamental e o ensino médio. É adubar a raiz,
se me permitam a metáfora, para termos frutos fortes e saudáveis.
Enfim, não precisamos “abracadabrar”, digo
privatizar. Melhorar a gestão administrativa e financeira, procurar parcerias
lucrativas, modernizar a infraestrutura para cortar gastos e, investir na
formação dos alunos de escola pública, me parece mais sustentável e promissor.
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