domingo, 31 de julho de 2016

Abracadabra, magia da privatização

A palavra “abracadabra” poderia ser substituída por “privatizar” nas apresentações de mágicos. Sim, pois parece que ela é a solução mística para todos os problemas gerados pela incompetência administrativa das instituições públicas.

A matéria “Crise força o fim do injusto ensino superior gratuito” do site globo.com, insiste nesse tema. Privatizar é a solução para o problema econômico e social do país. Mas cabe a nós fazer uma análise mais profunda do que a abordada pelo editorial.

Economicamente, privatizar as universidades públicas significaria um aporte de taxas de matrículas e mensalidades para as instituições. Dinheiro que as retiraria do atoleiro financeiro que se encontram. Entretanto, a massa cinzenta de centenas de doutores, mestres, pesquisadores e alunos de iniciação científica, poderiam passar a vender serviços para a sociedade. Desenvolver parcerias lucrativas com empresas para que resultados das pesquisas gerem patentes e, consequentemente, royalties a ser pago para a instituição.

O segundo ponto para termos um balanço financeiro favorável é reduzir gastos de forma inteligente. Em março de 2016, a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) devia cerca de 2 milhões de reais em contas de eletricidade não pagas e sofria com a iminente possibilidade de corte. Investir em painéis fotovoltaicos e modernizar o sistema de distribuição de energia utilizando sensores fotoelétricos que controlem o uso das luminárias pode ser uma boa maneira de diminuir gastos com energia. Quanto à água, sistemas que reciclem o volume gasto e o recirculem para atividades menos nobres como irrigação e limpeza é uma forma de diminuir o consumo.

Socialmente, o editorial do globo.com relata que a universidade pública é injusta, pois, a maioria das vagas é ocupada por estudantes de poder aquisitivo superior por possuir uma melhor formação que a camada mais pobre da população. Verdade, mas todos pagarem não é o “abracadabra” para o problema. Mesmo que as instituições ofertassem bolsas de estudos para os alunos carentes, a quantidade não seria capaz de agraciar todos os estudantes pobres que desejassem ingressar no ensino superior. Aumentaria a exclusão, pois criaríamos o mecanismo de “quem possui dinheiro, tem vaga garantida”.

O que falta para melhorar as chances dos pobres disputarem as vagas com os ricos é uma melhor formação no ensino básico, que compreende a educação infantil, fundamental e o ensino médio. É adubar a raiz, se me permitam a metáfora, para termos frutos fortes e saudáveis.

Enfim, não precisamos “abracadabrar”, digo privatizar. Melhorar a gestão administrativa e financeira, procurar parcerias lucrativas, modernizar a infraestrutura para cortar gastos e, investir na formação dos alunos de escola pública, me parece mais sustentável e promissor. 

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