Quando as portas do teatro se fecham e a cortina se
abre, emergimos em outro mundo.
É na França, em plena segunda grande guerra, que
encontramos os personagens, Jim e Hans, enclausurados em um mina de carvão. Entretanto,
não são apenas os limites da mina que cerceiam suas liberdades, mas a psique em
conflito de cada um.
Os laços de sangue, segredos, amores, o frio
enregelante, situações e sentimentos que marcam a pele dos personagens como a
fuligem e a sujeira do carvão.
Com personagens potentes e um cenário belíssimo, a
história se desenrola baseada na obra de Jean Genet. Com questionamentos atuais,
Carvão marca a cena teatral belo-horizontina apresentada pela Cia Drática de Teatro.
Talvez, sem ter essa pretensão, a peça estabelece
um diálogo com nossa contemporaneidade. Os personagens estão massacrados pelo
dono da mina, sem nenhum direito a humanidade. É isso ou a morte pelo frio
invernal. Algo que a reforma trabalhista brasileira vem destruir.
Coincidentemente, eu e dois amigos conversávamos
sobre como é, hoje, nossa relação com o trabalho. O quão doentia e claustrofóbica
ela é. Sem escapatórias fáceis.
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