Ler "Crime e Castigo" me deixou boquiaberto. Como um livro pode
ser tão atual?
Dostoievski não teve escrúpulos para brincar com minha
relação com a justiça. O que é o crime? Qual será a punição? A lei é para
todos? Todos são iguais perante a lei?
Outro ponto me abalou um pouco mais. A ideia de que a
sociedade é dividida em duas castas: pessoas ordinárias e pessoas
extraordinárias.
O primeiro grupo seriam pessoas comuns. Pessoas que obedecem
as leis e trabalham apenas para a sua subsistência. Não pense que nesse grupo,
a origem social ou a riqueza são relevantes. São pessoas que apenas constituem
uma massa alienada, que remam conforme a maré e se sentem bem em ser guiadas
pelo pastor, pelos governantes ou pela televisão. O destino é algo que não
importa. Basta apenas que continuem seguindo.
O segundo grupo de pessoas, as ditas extraordinárias, são as
que se sentem e se colocam acima da lei. Tais criaturas ignoram as regras,
passam por cima de tudo para que seus desejos sejam atendidos. Tais pessoas,
retratadas pelo autor em sua obra, seriam capazes de mudar o mundo.
Para mim, esse foi o ponto crucial da leitura. Olhei ao meu
redor e percebi como existem criaturas que confirmam a alegoria de Dostoievski.
Governantes, juízes, empresas, instituições religiosas que se consideram acima da lei e cometem atos criminosos sem um pingo de
remorso. Outros, vivem apenas suas vidas alheia a tudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário