terça-feira, 26 de julho de 2016

Reflexões sobre a loucura

Assistir ao filme “Nise - O coração da Loucura” me fez pensar um pouco sobre a loucura ou a normalidade do mundo.


Todos os dias, levantamos, tomamos um café regado a pão e margarina, como se nossas vidas fossem como os comerciais da Qualy. Algumas pessoas não têm direito a nem isso. Vão para a lida somente com um pingado.

São cerca de 12 a 14 horas longe de casa, preso dentro de um escritório, uma oficina, atrás da barraca de fruta, vendendo nossa força de trabalho, sabe-se lá para quem. Sabemos sim, para S.A, LTDA ou alguém que nem o nome nós conseguimos pronunciar.

Ao fim do dia, voltamos para nossos lares, ligamos a TV e assistimos ao jornal e a novela. Temos a certeza do dever cumprido e que contribuímos para a riqueza do país. Esse é o resumo de nossas vidas diárias, normais, alienandas e meritocráticas.

Eis que surgem aqueles que desafiam essa lógica. Essa normalidade e naturalidade mórbida que nos conduz ao paraíso. Pessoas que a ciência, as religiões ou quaisquer teorias filosóficas sequer conseguem entender. Assim, em nossa sábia ignorância damos a elas a alcunha de “loucos”.

Nise da Silveira foi uma mulher que, como retrata o filme no início dos anos 1940, lutou contra o sistema manicomial opressivo e dilacerante da capacidade humana de viver, de amar e de ser respeitado.

Entretanto, algo me perturbou. Quem são os loucos verdadeiros?

Será que podemos nos considerar normais. Somos pessoas que perdemos a capacidade de solidarizar com a dor do outro. Vivemos para o consumo pelo consumo. Implodimos as relações. Mantemos em plenitude um sentimento de egocêntrico.

Serão os loucos aqueles que romperam com o mundo? Ou serão os normais que vivem vidas esvaziadas, sem sentido e alienadas?

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